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Sobreviventes das chuvas vivem difícil rotina em abrigo

Tomar banho ou comer uma refeição são pequenas conquistas.
Sobreviventes das enchentes em Ilhota descrevem suas experiências.

Do G1, em São Paulo, com informações do Fantástico

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Sobreviventes das enchentes em Ilhota (SC) vivem de maneira precária em abrigos improvisados. Ações simples do dia-a-dia, como tomar banho ou comer uma refeição, são para eles pequenas conquistas.



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Quem está no abrigo ou teve sua casa destruída ou precisou sair, porque o risco desabamento era muito grande. “Eu não sei nem como chegar na minha casa.Não dá para chegar na minha casa, é só pau, pedra e lodo. Tem nada mais lá, tudo que nós tínhamos se acabou”, lamenta Jorge Candido, dono de madeireira.


Uma rotina vai sendo criada. Os adultos arrumam as camas, improvisam um jeito de secar as roupas, tentam se distrair com revistas. E as crianças, acostumadas a brincar na rua, agora precisam conter a agitação e entender certos assuntos que antes eram coisa de gente grande.


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“Lá em casa a gente brincava, tinha muito lugar para a gente correr, brincar, aqui não tem. E agora é final de ano, nós íamos fazer festinha na escola e não deu, porque começou a cair tudo”, diz a estudante Laís Reichert.


Ao ser questionada sobre qual o momento mais triste que ela vai se lembrar, a menina respondeu: “O dia que a gente teve que correr para o bananal, para ficar lá. Estava tremendo de frio, a gente estava tudo chorando, com medo”.


“A gente estava em casa, de repente escutamos barulho tipo um trovão, quando saímos na rua o morro estava descendo por cima da nossa casa. Estou assim como se eu estivesse anestesiada, como se não estivesse acontecendo, é um filme de terror que não acaba nunca, cada dia eu acordo e acho que aquilo é um sonho, eu estou praticamente fora de mim”, diz a costureira Maria das Dores da Costa.


Marineide Souza, grávida de sete meses, perdeu sua casa e tudo que tinha dentro. “Meu filho acordou a gente e falou que estava enchendo. Quando acordei e fui olhar, era tarde demais. Quando a gente saiu de dentro de casa, já saiu com a água nos peitos, e porque os vizinhos da gente tiraram, se demorasse cinco minutos a gente tinha morrido todo mundo afogado”.


Com os parentes do agricultor Francisco Prum foi pior. “Foi a família completa, seis se apagaram, não tem mais nenhum”, conta. Francisco e a mulher também perderam a casa e agora estão sem rumo certo.



Simone Couto, também agricultora, na fila do banheiro, diz que são cinco minutos para cada um tomar banho. “É um banheiro para muita gente, está complicado, porque ainda faltou água. Tem que ser rápido, porque a luz fica acesa só até 23h.”


Nilso Chmitz, que é marceneiro, conta que precisou fazer caixão para os mortos. “Com motosserra, fazer caixão para a minha comunidade, pelo amor de Deus. E agora, como vou fazer o Natal? Natal nosso é esse aqui.”


Às 6h é hora de preparar o café da manhã. Ivete Radkai é uma das voluntárias. “Nesse momento não é só dar de comer, eles estão precisando mais de um apoio moral, que as pessoas se sintam em casa. Estão perguntando, Ivete, o que vai fazer para o almoço? Digo: ‘Eu quero churrasco, maionese, quero um bolo enfeitado’.”


Enquanto muita gente vai tomando o café-da-manhã, soldados do Exército chegam com novas doações.


Adelar Duarte, da Polícia Ambiental, diz que desde que a Polícia Militar foi acionada, a escala de trabalho é muito apertada. “O mais interessante de tudo é que notamos que os nossos policiais não querem ir para casa, não querem descansar, querem ficar aqui ajudando. Elas se sentem protegidas, isso para nós é muito gratificante.”



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